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Em comunicado no dia 27 de julho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou aos homens gays ou bissexuais que reduzam o número de parceiros sexuais para conter o avanço da varíola dos macacos (monkeypox). A fala da entidade gerou críticas de especialistas, que veem risco de estigmatização dessas minorias.
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A fala foi motivada por estudo publicado na New England Journal of Medicine, que revelou que 95% dos casos de varíola dos macacos ocorridos em 16 países, entre abril e junho deste ano, foram transmitidos durante relações sexuais.
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A pesquisa publicada pelos cientistas da Universidade Queen Mary, em Londres, motivou a discussão sobre o sexo como uma das principais formas de transmissão do vírus causador da varíola dos macacos.
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O estudo ainda apontou que 98% dos pacientes infectados eram homens gays ou bissexuais, 75% deles eram brancos, 41% tinha HIV e idade média de 38 anos.
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A interpretação apressada desses dados fez com que o governo norte-americano estudasse incluir a varíola dos macacos como uma DST (doença sexualmente transmissível).
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Especialistas consideram que o contato direto com lesões, fluidos corporais ou saliva de pessoas infectadas representam maior perigo de transmissão, mas não descartam o papel das relações sexuais.
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Apesar da possibilidade de ser transmitida durante o ato sexual, a varíola dos macacos não é considerada sexualmente transmissível porque não há registros de pessoas que foram contaminadas pelo sêmen ou secreção vaginal.
A relação sexual envolve o contato físico direto e continuado, no qual pode acontecer a transmissão, não necessariamente pela via sexual, na parte genital. O momento (da relação sexual) é que é propício porque há o contato entre as superfícies dos indivíduos.
Paulo Ernesto Gewehr
Infectologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre
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Autoridades e especialistas temem que a divulgação da pesquisa aumente o preconceito contra homens gays e bissexuais, grupos que concentram a maioria dos infectados pelo vírus da varíola dos macacos na amostra analisada.
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Infectologistas afirmam que os homens gays e bissexuais têm maior risco de contaminação pela doença, mas esclarecem que as condições para isso ainda são desconhecidas.
Não podemos deixar que preconceitos antigos retornem com essa doença. O principal fator de risco é o contato de superfícies contaminadas e com secreções de um indivíduo contaminado. Nesse sentido, todos estão sob risco.
Paulo Ernesto Gewehr
Infectologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre
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Especialistas levantam hipóteses para considerar a incidência da doença no público observado. Para alguns estudiosos, o fato pode estar relacionado a questões comportamentais.
Geralmente, os homens que fazem sexo com homens têm maior rotatividade de parceiros. Neste momento, esse grupo foi o mais acometido, mas isso vai cair por terra porque não é uma doença exclusiva dele.
Lorena de Castro Diniz
Coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
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Em decorrência da repercussão da pesquisa, a OMS emitiu um pedido aos homens homossexuais e bissexuais, solicitando que esses grupos diminuam o número de parceiros sexuais diante do avanço do surto de varíola dos macacos.
É preconceito dizer que quem tem varíola dos macacos é apenas o homossexual ou o bissexual. É igual à situação da covid-19, que inicialmente atingiu um país (a China). Mas ela não é uma doença específica dos chineses, e sim um vírus que pode atingir qualquer um.
Lorena de Castro Diniz
Coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
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O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) repudiou o pedido da OMS. Para a Unaids Brasil, a disseminação de discursos discriminatórios pode levar tais grupos a deixarem de dar atenção à saúde pessoal e de pessoas próximas.
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Baseando-se nas difíceis lições e aprendizagens da resposta à epidemia de Aids, ações eficazes de saúde pública devem ser orientadas pelos princípios de solidariedade, igualdade, não discriminação e inclusão.
Nota publicada pela Unaids no Brasil
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Aprendemos lições amargas com o HIV e a Aids, quando subgrupos foram estigmatizados e o controle da infecção se tornou mais difícil, porque ninguém queria admitir que era HIV positivo ou estava com Aids. Isso é tudo o que não pode acontecer.
Salmo Raskin
Médico, doutor em genética e especialista em genética molecular
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